terça-feira, 9 de novembro de 2010

Bambas Dois



A Jamaica é um país relativamente distante, mas que compartilha muitas características com o Brasil. Prova disso é "Bambas Dois", um dos projetos mais interessantes e musicalmente ricos dos últimos tempos no país e que foi criado pelo produtor Eduardo Bidlovski, o Bid, ao lado do músico Fernando Nunes e de DJ Gusta, da banda Echo Sound System. Continuação de "Bambas e Biritas – Vol. 1", o futuro álbum tem como objetivo apresentar a mistura das culturas e da música brasileira com o reggae e outros gêneros jamaicanos, entre eles o rocksteady e dancehall. E, para tanto, conta com a participação de vários e importantes artistas jamaicanos e brasileiros que dão legitimidade ao projeto.

A ideia nasceu no começo do ano de forma totalmente inesperada. Bid, que havia acabado de produzir o disco "Francisco Forró y Frevo", de Chico César, estava com o músico em uma lancha se preparando para um mergulho quando, ao colocar uma das canções do disco para tocar --um forró com batidas eletrônicas--, observou o motorista do barco cantando em cima de sua base. "Quando ouvi, pensei: isso vai ser o próximo 'Bambas'", contou Bid por telefone. O produtor, então, compôs e gravou 13 faixas instrumentais e viajou até a Jamaica para que artistas locais fizessem letras e emprestassem suas vozes para as canções.
A lista de participações é extensa e conta com grandes ícones da música jamaicana nos vocais, como Heptones, U-Roy, Tony Rebel, Oku Onuora e novatos como Ky-Mani Marley (filho de Bob Marley), Sizzla Kalonji, Queen Ifrica, Luciano, I Wayne e Jesse Royal. Na parte instrumental, Ernest Ranglin (Skatalites), Robbie Lynn (da gravadora Studio One) e Sticky (percussionista de Bob Marley e Augustus Pablo) deram as caras ao lado dos brasileiros Daniel Ganjaman, Lúcio Maia, Marcelo Castilho, Siba, James Mü, Jorge Du Peixe e outros.

Imagina-se, claro, que reunir nomes tão importantes em um mesmo projeto deva ser uma tarefa, no mínimo, complicada. Segundo o produtor, os convites aconteceram "na cara e na coragem". "Depois de gravar os instrumentais, quebramos a cabeça para ver qual música iria para quem. Tínhamos uma lista dos sonhos com as pessoas que gostaríamos que participassem", conta. "Duas pessoas na Jamaica ajudaram a gente. E um produtor local, Floyd Morris, que ajudou na parte da produção e nos conectou com duas pessoas que tinha contatos diretos com artistas ou empresários".

Para Bid, o fato do projeto ter nascido em solo brasileiro e ser mais que simplesmente um álbum facilitou a união dos músicos e foi um fator que colaborou para o resultado final. "O Brasil é um mercado que eles querem estar. Eles adoram o país, o futebol e tem uma simpatia muito grande pela cultura. Sempre tratamos do assunto como uma coisa maior que um disco. Era um projeto com o conceito de misturar as culturas, de escravidão até religião, comida... são muitas similaridades", explica. "Assumimos essa mistura da música regional do nordeste com ritmos jamaicanos".

A parte musical também foi importante para que os jamaicanos se sentissem à vontade em colaborar. Por não tratar-se simplesmente de uma banda de reggae tentando imitar o estilo jamaicano, mas apresentando características brasileiras frescas, o projeto tornou-se interessante para os envolvidos do lado de lá. "Às vezes você vai ouvir uma música e não vai ter uma bateria, mas sim uma zabumba, um pandeiro e um triângulo", explica. "Eles se sentiram como se fosse um desafio e viraram verdadeiros parceiros meus". As gravações fora do Brasil aconteceram nos clássicos estúdios jamaicanos Tuff Gong e Achor. "São mais antigos e tem ótimas mesas de som. Trabalhamos com engenheiros locais, uma vez que a comunicação é mais rápida na hora de gravar".

Todo o projeto foi registrado em belas imagens tanto em vídeo quanto em fotografia, que podem ser conferidos na página do "Bambas Dois" no YouTube e no blog do estúdio Soul City. A ideia é transformar o making of em um programa de TV, para mais tarde ser lançado em DVD. Apenas dois cinegrafistas acompanharam Bid na missão de filmar as gravações. "Foi até um pouco desgastante por ser uma equipe muito enxuta, algo que acabou sobrecarregando todo mundo", contou. "Mas ficamos bem felizes, porque o que rolou talvez só teria acontecido com uma equipe bem maior".

O álbum "Bambas Dois" ainda não tem data exata para ser lançado, mas provavelmente verá a luz do dia em março de 2011. "Ainda estou escolhendo quem vai mixar", conta. Depois de finalizado, Bid pretende formar uma banda e fazer shows pelo país, inclusive com a participação de alguns dos jamaicanos que cantaram no disco. "Vamos tentar contar com os festivais. Tomara que eles tragam os convidados e a gente realize o 'Bambas Dois' também ao vivo".

FONTE : UOL

Um comentário:

. disse...

Nossa, Silvio!!!
Que sensacional! Mal posso esperar pelo resultado!

Beijos!!!